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Acervo Aprender Ciência 2007-2011  Webmaster: Tales Rebequi da Costa Borges de Souza   Arte-finalista: Heidi Campana Piva
A Ciência nossa de cada dia

Profa Dra Silvia Regina Dowgan Tesseroli de Siqueira

Profa Dra Silvia Regina Dowgan Tesseroli de Siqueira

Formada em Odontologia pela Universidade de São Paulo, hoje professora de Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo. Possui doutorado em Ciências - Departamento de Neurologia pela Faculdade de Medicina da USP.

Atualmente é membro da Equipe de Dor Orofacial e do Centro Interdisciplinar de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Profª Silvia, por favor, conte para os leitores do Aprender Ciência um pouco de sua trajetória de formação e as razões que a levaram a se tornar cientista.

Desde o colégio sempre me interessei pela área de biológicas, principalmente pelo contato com as experiências em laboratório, especialmente sobre o corpo humano. Sendo assim ingressei em um curso de saúde, odontologia, pela possibilidade de contato com pessoas ajudando-as ao melhorar sua saúde. A partir da minha residência em odontologia hospitalar, me dediquei às primeiras experiências em estudos clínicos, na área de dor facial, o que me despertou para o mestrado. Desde então, passei para o doutorado direto e me apaixonei pela pesquisa.

Profª atualmente o Sra. é docente do curso de Gerontologia. O que a levou a interessar-se especificamente por essa área?

Dor, meu campo de pesquisa, é um sintoma que acontece com bastante freqüência na terceira idade. A neuralgia do trigêmeo, síndrome álgica que compõe minha principal linha de pesquisa, acomete indivíduos com uma média de 60 anos de idade. Pela complexidade da dor, cronificação, sofrimento e neuroplasticidade, a dor no idoso é um fenômeno particular que merece muitos estudos e atenção, especialmente pelo atual envelhecimento da população mundial.

Também gostaríamos de saber alguma coisa sobre as pesquisas científicas que você já realizou e está realizando no momento.

A dor da neuralgia do trigêmeo é muitas vezes confundida com outras dores de dente. Procuramos levantar aspectos que estão por trás disso e que atrasam o diagnóstico, complicando o quadro clínico. Além disso, dentre os tratamentos existentes, as neurocirurgias são uma opção necessária para mais de 70% dos pacientes, porém causam complicações do aparelho mastigatório (por perfurarem os músculos pterigóideos, relacionados à abertura bucal, lateralidade e mastigação) e da sensibilidade facial, geralmente inespecíficas porém transitórias, especialmente na cirurgia por compressão do gânglio trigeminal com balão.

Atualmente estamos investigando aspectos de sensibilidade facial de outras síndromes neuropáticas, e anormalidades hemodinâmicas relacionadas às cirurgias para a neuralgia trigeminal. Além disso, estamos investigando aspectos potencialmente etiológicos relacionados à neuralgia trigeminal, que é considerada uma entidade idiopática apesar das hipóteses fisiopatológicas existentes.

Como você encara o papel da ciência e da sociedade em assuntos relacionados à terceira idade?

Devido ao envelhecimento da população mundial e à preocupação com qualidade de vida, é importante que se conheça cada vez mais as particularidades relacionadas à terceira idade para que ela seja enquadrada como parte natural do desenvolvimento humano e não como período totalmente à parte, compreendida por seus aspectos biológicos, moleculares, e psicossociais.

Uma pergunta freqüente por parte de crianças e jovens, sobre a qual gostaríamos de ouvi-lo: por que aprender ciência na escola?

Aprender ciência é desenvolver a mente investigativa sobre os assuntos que estão à nossa volta, é organizar a curiosidade inata do ser humano através de metodologias que poderão ser utilizadas para as várias circunstâncias que poderão surgir ao longo da vida, é estimular o aprendizado através da própria experiência vivida.

Na sua opinião, quais são os grandes desafios científicos atuais e das próximas décadas? (problemas em aberto, áreas promissoras...)

Atualmente, na área da saúde, os grandes desafios são vencer as doenças que atualmente causam a maior mortalidade (como doenças cardiovasculares e o câncer) e enfrentar as doenças degenerativas que causam morbidade, melhorando a qualidade de vida. No laboratório, há a esperança da cura para várias doenças. Na clínica, sabe-se que a prevenção ainda é o melhor remédio, mas sem dúvida que há a possibilidade de controle das diversas condições crônicas e de qualidade de vida. Esperamos que para os próximos anos muitas condições degenerativas comprometedoras encontrem reversão e que promovam vida normal a muitos indivíduos.

Esta entrevista foi cedida pela Profa Dra Silvia Regina Dowgan Tesseroli de Siqueira via e-mail à aluna Joice Graciano da Silva